A Comunidade Marielle Franco, situada no bairro Defesa Civil, em Rio Branco, foi palco de polêmicas e desabafos na última semana. Em meio à precariedade de infraestrutura e ao abandono do poder público, moradores organizados por meio de uma associação comunitária aram a cobrar com mais força medidas urgentes que garantam condições mínimas de moradia e dignidade.
Um dos moradores da comunidade relata o abandono vivido pelos moradores do local. “Vivemos abandonados, abandonados em tudo. Estrutura zero. Graças a Deus montamos uma associação e já enviamos um documento para a Energisa. Hoje mesmo recebemos resposta e foi confirmada uma fiscalização para instalação de iluminação. Aqui, gente mata cobra dentro de casa. O mato é grande na rua, o esgoto é inável. E até hoje não sabemos de quem é essa terra: uma hora dizem que é do governo do Estado, outra que é da União, outra da prefeitura. Enquanto isso, quem sofre é o povo”, completa.
Além da escuridão nas ruas, a população local convive com esgoto a céu aberto, falta de saneamento básico, ausência de coleta de lixo e ruas em péssimas condições, o que agrava ainda mais a rotina de quem mora no local. Em meio a esse cenário, uma nova polêmica acendeu os ânimos da comunidade: a alimentação oferecida pela cozinha voluntária.
Segundo relatos, o cardápio diário tem se resumido a salsicha, o que causou desconforto em parte dos moradores. “Para quem não tem nada, até serve, porque às vezes a pessoa não tem arroz nem feijão. Eu agradeço. Mas todo dia só salsicha, a pessoa enjoa”, desabafa o morador.
Diante da repercussão, a equipe responsável pela cozinha comunitária se manifestou. Risomalha, uma das responsáveis pelo preparo das refeições, rebateu as críticas: “Nunca recebemos reclamação de alguém que tenha adoecido por conta da alimentação. Todo mundo sabe que estamos servindo salsicha, é o que podemos oferecer. É melhor servir salsicha do que não servir nada, porque aqui moram muitas pessoas carentes e que precisam dessa comida.”
Ela também destacou que órgãos públicos têm conhecimento da situação. “O governo do Estado sabe. O Ministério do Desenvolvimento Social esteve aqui há cerca de 30 dias e viu tudo. É o que conseguimos com os recursos que temos. É fácil criticar, mas a gente tira amostras das refeições todos os dias, congela por uma semana para garantir a segurança alimentar. Nunca foi pedida uma análise sequer.”
Enquanto a polêmica em torno da alimentação ganha repercussão, as necessidades estruturais seguem sendo o principal problema enfrentado por quem vive na Marielle Franco. Água tratada, iluminação pública, ruas trafegáveis e presença de assistentes sociais continuam no topo da lista de reivindicações – demandas que, segundo os moradores, se arrastam há meses sem resposta efetiva do poder público.
Com informações do repórter Marilson Maia e Rose Lima para TV Gazeta