O Acre, que já foi marcado pela chegada de milhares de nordestinos durante o ciclo da borracha, hoje enfrenta um fenômeno diferente: a saída de muitos jovens — e até aposentados — em busca de melhores condições de vida.
Aposto que você conhece alguém, um amigo ou parente, que se mudou para Santa Catarina atrás de novas oportunidades e uma vida mais estável.
A lógica do porquê isso acontece é clara: a busca por melhores condições de vida – melhores empregos e melhores salários. Mas será que os números são tão diferentes assim?
A resposta, infelizmente, é sim.
No último trimestre do ano ado, essa disparidade ficou clara no mercado de trabalho. Enquanto o Brasil apresentava uma taxa média de desocupação de cerca de 5,7%, Santa Catarina registrava apenas 2,7%, e o Acre mantinha uma taxa próxima a 7,3% — quase três vezes a taxa catarinense e bem acima da média nacional.
Taxa de desocupação no 4º trimestre no Brasil, Acre e Santa Catarina (2019 – 2024)

Isso mostra como as oportunidades de emprego no Acre continuam escassas.
Além disso, os rendimentos médios dos trabalhadores no Acre permanecem significativamente inferiores aos encontrados em Santa Catarina e até mesmo abaixo da média nacional. Em média, um trabalhador acreano ganha cerca de 40% menos que seu equivalente no Sul do país. Essa diferença expressiva significa menos dinheiro para investir em educação, saúde e qualidade de vida — fatores essenciais para o desenvolvimento pessoal e profissional.
Rendimento médio mensal no 4º trimestre no Brasil, Acre e Santa Catarina (2019 – 2024)

Esse cenário acaba impulsionando uma saída constante de talentos do Acre. A fuga de capital humano é um problema grave: ao perder profissionais qualificados, o estado compromete seu próprio desenvolvimento econômico e social.
Sem investimentos e sem mão de obra qualificada, o ciclo da pobreza e da desigualdade se fortalece, tornando cada vez mais difícil para o Acre competir com outras regiões do país.
É urgente que políticas públicas efetivas sejam implementadas para criar empregos, valorizar os trabalhadores locais e estimular o desenvolvimento regional.
Do contrário, o Acre continuará a perder seu futuro, e as consequências não serão sentidas só por quem parte, mas por toda a sociedade brasileira, que vê uma parte importante do seu potencial ser desperdiçada.
No fim das contas, este artigo deixa claro que as desigualdades regionais não são apenas números frios em relatórios — elas têm um impacto real e profundo no dia a dia, no bolso e nas oportunidades de todos nós.
E, pior ainda, estão levando milhares de acreanos a abandonarem sua terra natal, em busca de uma vida que o próprio estado não lhes oferece.