Rio Branco, capital do Acre, está entre as cinco piores capitais brasileiras em qualidade de vida, de acordo com o Índice de Progresso Social (IPS) 2025. A cidade ficou na 23ª posição entre as 27 capitais avaliadas, com uma pontuação de 62,29 em uma escala que vai de 0 a 100. O levantamento considera três grandes dimensões: necessidades humanas básicas, bem-estar e oportunidades — incluindo itens como segurança, saúde, educação, meio ambiente, inclusão social e direitos individuais.
Para especialistas, o resultado reflete problemas estruturais antigos e impacta diretamente o cotidiano e a saúde mental da população. O psicólogo Francisco Souza explica que viver em um ambiente com baixa qualidade de vida pode gerar efeitos psicológicos sérios:
“É uma influência negativa muito danosa para a saúde mental da pessoa. Você vive num lugar sem bem-estar, sem qualidade de vida, sem oportunidade e com uma sensação constante de insegurança. Isso acaba gerando um estresse crônico que, se não for gerenciado, pode evoluir para transtornos de ansiedade, depressão e até doenças físicas, sobrecarregando ainda mais o sistema público de saúde que, como a própria pesquisa aponta, já está defasado.”
O arquiteto urbanista Eduardo Vieira destaca que o ambiente urbano tem papel central no índice. Segundo ele, a cidade enfrenta desafios como a falta de arborização, esgoto a céu aberto, abastecimento de água irregular e falta de manutenção de espaços públicos.
“O clima aqui é muito quente, e mesmo assim não temos arborização urbana adequada. O esgoto não é tratado e corre a céu aberto, o abastecimento de água é intermitente, e os espaços públicos estão abandonados. Um exemplo claro é o Parque da Maternidade, que antes era cheio de gente caminhando e se exercitando. Hoje, está praticamente vazio.”
As deficiências em infraestrutura urbana — como iluminação precária, ruas esburacadas e calçadas sem ibilidade — também ajudam a explicar o desempenho negativo. Eduardo aponta que, além da responsabilidade do poder público, há uma parcela de culpa da própria população.
“Tem muita ligação irregular de esgoto na rede de drenagem, calçadas construídas sem respeitar normas de ibilidade. Isso tudo contribui para que cheguemos ao índice que chegamos.”
Nas ruas, a população tem opiniões divididas. Enquanto alguns moradores demonstram resignação com a situação, outros enxergam potencial de mudança.
“Opção tem poucas, mas tem. No nosso estado, a gente tem que se conformar com o que tem”, diz uma moradora.
“Acho que, apesar de tudo, ainda é um lugar tranquilo, com qualidades e oportunidades”, opina outro.
“A qualidade de vida aqui está muito baixa. Os governantes precisam olhar mais para a cidade, trazer eventos, movimentar o centro. Isso aquece a economia e melhora a vida de todo mundo”, sugere um terceiro entrevistado.
O Índice de Progresso Social 2025 serve como mais um alerta sobre a urgência de se repensar a cidade. A capital acreana ainda tem um longo caminho a percorrer para garantir dignidade, o e bem-estar aos seus moradores. O desafio envolve investimento, planejamento urbano e, acima de tudo, compromisso com a população.
Com informações do repórter Marilson Maia para TV Gazeta