Autoridades acreanas se pronunciaram nas redes sociais em apoio à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Na última terça-feira (27), a ministra sofreu ataques verbais por parte de dois parlamentares durante debate sobre a proteção da Amazônia no Senado e teve o microfone cortado.
O senador Marcos Rogério (PL) falou à ministra que ela “deveria se pôr no seu lugar”, e o senador Plínio Valério (PSDB), que “não estava falando com a mulher, mas sim com a ministra”. Marina Silva se retirou da sessão após o ocorrido. Nas redes sociais, ela prestou esclarecimento sobre a situação.
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“Após mais uma agressão do senador Plínio Valério, lhe dei a opção de pedir desculpas, mas ele se negou. Por isso me retirei da sessão. Não posso aceitar ser agredida e não posso me calar quando atribuem a mim responsabilidades que não são minhas”, diz a nota.
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O vereador de Rio Branco, André Kamai (PT), prestou nota de solidariedade à Marina Silva nas redes sociais, repudiando o comportamento dos senadores, o que ele descreveu como uma tentativa de silenciar e constranger a atuação da ministra em defesa da Amazônia.
“Não há democracia plena quando uma mulher, ainda mais uma mulher amazônida e símbolo de resistência, é tratada com desprezo e violência simbólica dentro das instituições da República. Marina Silva é orgulho do Acre, do Brasil e de todos que sonham com um país mais justo, sustentável e igualitário”, disse o vereador, em nota.
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O deputado estadual do Acre, Edvaldo Magalhães (PCdoB), também prestou solidariedade e iração à ministra Marina Silva, a quem ele descreveu como a mulher que é referência para o Brasil e o mundo.
“Que não haja nenhuma tolerância à violência política de gênero, à misoginia e à canalhice desses que não am ver mulheres ocupando os espaços que devem e merecem ocupar”, disse.
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Para a vereadora de Rio Branco, Lucilene Vale (PP), as mulheres não podem ser silenciadas por serem defensoras de suas convicções, como o caso ocorrido com Marina Silva. Para ela, a ministra possui uma “história de luta e serviço ao país”.
“Ninguém é obrigado a concordar ou defender as mesmas pautas da ministra, mas todos têm o dever de respeitar a mulher — seja ela uma representante eleita do povo ou uma trabalhadora que, diariamente, luta pela sobrevivência e dignidade de sua família”, disse em nota nas redes sociais.
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O Comitê Chico Mendes, entidade em defesa da Amazônia e dos povos da floresta e criada em memória do líder sindical Chico Mendes, vê as ofensas à ministra como ataque direto aos princípios que o Comitê defende.
“É preciso reafirmar que a defesa do meio ambiente não é um entrave ao desenvolvimento genuíno e duradouro. O legado de Chico Mendes de Marina continua vivo, precisamos protegê-los e, acima de tudo, respeitá-los”, diz o pronunciamento nas redes sociais.
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Para o secretário de Educação do Acre, Aberson Carvalho, o ocorrido sofrido pela ministra não se trata de um ambiente polarizado, como direita ou esquerda, mas sim, de tratar com “respeito, civilidade e compromisso”, a ministra e suas convicções.
“Sei, por experiência, o quanto essa agenda sofre resistência, especialmente quando liderada por uma mulher com voz ativa. Marina não representa apenas uma pasta, mas uma causa urgente: a defesa do meio ambiente e da Amazônia. Seu trabalho merece respeito e apoio”, disse o secretário, em nota.
Conselheiros do Tribunal de Contas do Acre, Sergipe, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, além da procuradora de Justiça do Ministério Público do Acre, Patrícia Rêgo, o vice-prefeito do município de Feijó, e o ambientalista, Fábio Feldman, publicaram manifesto em repúdio à violência de gênero sofrida pela ministra, descrevendo o ato como “grave e inissível”.
Veja a nota na íntegra:
Manifesto de Repúdio à Violência Política de Gênero Contra a Ministra do Meio Ambiente Marina Silva
Mais uma vez, a Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, foi alvo de ataques misóginos em uma sessão formal no Senado da República. A reunião, que deveria tratar de temas urgentes para o futuro do Brasil e da Amazônia, foi palco de uma violência política de gênero inaceitável.
A violência contra as mulheres assume múltiplas formas. Quando praticada por homens que ocupam cargos de poder, ela se disfarça de discurso, mas carrega a marca da opressão e da tentativa de silenciamento.
Marina Silva foi interrompida, desrespeitada e alvo de insinuações ofensivas por parte de senadores que não am sua firmeza, sua trajetória e seu compromisso com a justiça socioambiental.
Esta Nota de repúdio à postura de Senadores e em apoio à Ministra do Meio Ambiente Marina Silva não é apenas uma evidência das forças políticas que operam nas sombras das decisões estratégicas do governo, e que reagem com hostilidade sempre que suas agendas são confrontadas. Tampouco se trata apenas do incômodo de determinados segmentos políticos diante de um debate legítimo – e necessário – sobre os modelos de desenvolvimento que moldam o destino do país.
Esta Nota é, sobretudo, uma manifestação de solidariedade e uma afirmação: mais uma vez, a Ministra Marina Silva foi alvo de violência por ser mulher – por não se curvar, por ousar pensar diferente e defender suas opiniões. E isso precisa ser dito com todas as letras, pois é grave e inissível.
Em defesa da democracia, da justiça ambiental e da igualdade de gênero, nos solidarizamos com Marina Silva. Que esse episódio sirva de alerta e de mobilização.
Com produção de Gisele Almeida