Um protesto realizado durante o encerramento da reunião do GCF Task Force, nesta sexta-feira (23), na Universidade Federal do Acre (Ufac), expôs críticas contundentes à política ambiental do governo federal e estadual. O ato ocorreu no momento do discurso do governador Gladson Cameli e envolveu faixas e cartazes com mensagens de repúdio à condução atual das pautas ambientais, sobretudo no que se refere ao avanço do agronegócio, à ferrovia Bioceânica e ao chamado “desmonte ambiental”.
Kelme Espina, militante do PCB-R e um dos participantes da manifestação, concedeu entrevista ao site agazeta.noticiasdoacre.com e afirmou que o protesto foi pacífico e articulado com diversos movimentos sociais. “Utilizamos somente faixas de TNT e cartazes. Sempre foi nossa intenção fazer uma manifestação pacífica”, explicou.
“De sustentável, esse evento não tem nada”, diz manifestante
Para Kelme, a presença de representantes nacionais e internacionais no evento não impediu que se denunciassem o que chamou de contradições e farsas: “Estamos encarando o maior desmonte ambiental de todos os tempos. Esse evento que se propõe a discutir sustentabilidade representa justamente o oposto, com projetos que ameaçam a floresta e os povos originários”, afirmou.
Ele também criticou os planos de construção da Estrada de Pucallpa e da ferrovia Bioceânica, alegando que essas obras favorecem o latifúndio, atravessam territórios indígenas não demarcados e incentivam o desmatamento. “Em 2024, não conseguíamos nem respirar por causa da fumaça. A boiada avança enquanto culpam as pequenas queimadas e camponesas. Isso é inaceitável”, declarou.
Violência durante o protesto
Questionado sobre a ação da segurança do evento, Kelme relatou agressões físicas. “Fomos duramente reprimidos. Um colega teve costelas fraturadas por uma segurança que, depois, o acusou de quebrar a mão dela. Há vídeos que comprovam a violência. Nem em estados governados pela extrema-direita vimos tamanho abuso contra manifestantes pacíficos em universidades públicas”, disse.
Segundo o manifestante, o objetivo da manifestação foi atingido ao expor o que chamou de “incoerência” dos discursos ambientais proferidos durante o evento. “Nossa intenção era desmascarar esse discurso bonito, mas vazio. Não vamos desistir”, afirmou.
Kelme também direcionou críticas a parte da cobertura midiática sobre o caso: “Alguns veículos não têm compromisso com a verdade. Uma jornalista foi agredida tentando nos defender. Enquanto isso, há quem espalhe versões distorcidas sem sequer ouvir nosso lado”, denunciou.
Governo se pronuncia
Em nota divulgada ainda na sexta-feira, o governo do Acre repudiou o ato, classificando os manifestantes como “desordeiros” e alegando que a manifestação teve caráter exclusivamente político e particular:
“O evento é aberto para a participação de iniciativas individuais e coletivas, por meio da contribuição positiva, com ideias e posicionamentos. Infelizmente, não foi o que se viu na atuação do grupo dissonante, que agiu com interesses exclusivamente particulares e políticos. A iniciativa dos desordeiros só tentou causar prejuízos aos participantes. Diante do fato, o governo condena veementemente o acontecido e se compromete com a investigação e punição dos responsáveis”
Produção feita pelo repórter do agazeta.noticiasdoacre.com Diogo José