Uma gestante morreu no Hospital da Mulher e da Criança do Juruá, em Cruzeiro do Sul, e a família acusa a unidade de saúde de negligência médica. Segundo os relatos de parentes, a paciente deu entrada no hospital com a bolsa rompida, ainda na quinta-feira (15), mas foi informada de que o parto só ocorreria dois dias depois, mesmo diante do agravamento do quadro clínico.
De acordo com a sobrinha da vítima, a equipe médica afirmou que o parto não poderia ser realizado imediatamente, pois a gestante ainda não havia completado sete meses de gestação. No sábado (17), após uma piora significativa, a paciente foi diagnosticada com uma infecção grave.

Segundo o relato, a equipe optou pela indução do parto normal, utilizando medicamentos por via vaginal. A sobrinha relata que a indução foi feita com múltiplas doses de pílulas e, mesmo diante da dor intensa, o procedimento continuou.
No dia do falecimento, a acompanhante afirma ter procurado a equipe médica diversas vezes, alertando para a gravidade da situação. “Fui três vezes até onde o enfermeiro estava. Disse que ela estava morrendo de dor. Eles só falavam que estavam atendendo e que ia chegar a vez dela”, declara.
O companheiro da gestante também expressou indignação com a demora no atendimento e questionou a conduta da equipe médica. “Pedi várias vezes para tirarem a criança, mas só fizeram isso depois que ela morreu. Se tivessem feito antes, talvez um dos dois tivesse sobrevivido. Eles só diziam que no outro dia fariam o parto, mas não fizeram”, lamentou.
Nota do hospital
Em nota, a direção do hospital afirmou que seguiu os protocolos estabelecidos pelo Ministério da Saúde. Segundo o comunicado, a cesariana foi descartada devido ao risco de infecção, optando-se pela indução do parto normal.
Na manhã desta quarta-feira (21), mãe e filha foram sepultadas no mesmo caixão. A família afirma que pretende acionar o Ministério Público para que o caso seja apurado. “Quando a gente mais precisa, não tem o atendimento que deveria. Vamos procurar nossos direitos”, diz um dos familiares.

Matéria em vídeo produzida pelo repórter Glédisson Albano, para TV Gazeta.
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