Ideias inovadoras surgem de uma necessidade, e elas podem se tornar empreendimentos que impactam economicamente e socialmente as pessoas. Desde a criação de um filtro que busca evitar desperdício de água na piscicultura, a uma pomada cicatrizante natural para pets que utiliza nanotecnologia e até uma plataforma de automação de cobranças que opera com inteligência artificial para torná-la mais eficaz, as chamadas “startups”, tem tomado conta do mercado acreano com projetos inovadores que tem se destacado.
De maneira geral, as startups são empreendimentos emergentes de alto risco e com foco na inovação e tecnologia, que não seguem os modelos tradicionais de pequenas empresas. Criar uma startup não é tarefa fácil, é preciso planejamento, apoio e estar atento aos mínimos detalhes. Em especial em um estado com problemas socioeconômicos significativos, arriscar abrir um empreendimento inovador, torna-se um desafio.

Nesse contexto, surgem as incubadoras de empresas, responsáveis por apoiar e impulsionar ideias inovadoras a se tornarem empreendimentos consolidados. No Acre, temos a Incubac, a incubadora de empresas do Instituto Federal do Acre (IFAC), que surgiu em 2018 para impulsionar ideias que nascem dentro e fora da sala de aula e que têm potencial para gerar impacto social e econômico real. A Incubac oferece e técnico, capacitações, mentorias, estrutura física e conexões com o ecossistema de inovação.
“Muitos buscam a incubadora com o objetivo de participar de nossos programas de incubação. Isso demonstra um forte interesse e uma vontade de empreender por parte da população acreana, mesmo que ainda não se reflita em um aumento significativo no número de startups registradas”, explica a coordenadora da Incubac, Thaís Diniz.
Altaneira Psicultura

Uma das startups que participaram do programa é a Altaneira Piscicultura, que desenvolve filtros e projetos para tratamento de água. Os equipamentos desenvolvidos podem ser utilizados em diversos segmentos, além do setor rural. O empreendimento foi fundado por engenheiros civis e atualmente tem foco no tratamento de água, além da piscicultura. Um dos fundadores, o engenheiro civil Eduardo Félix, descreve que inicialmente a ideia veio de uma necessidade pessoal, ao tentar encontrar uma solução para a mortalidade de peixes que ele criava no quintal.

“A nossa startup surgiu com a necessidade de encontrar uma solução para a mortalidade dos peixes que eu criava no quintal, em caixas d’água, eles morriam muito fácil com contaminação, bactérias e uma série de doenças que surgiam de repente, aí descobrimos essa solução que até hoje se mostrou muito eficaz nesse segmento, é fácil de aplicar e como nós mesmos fabricamos fica mais barato. Mas aí a coisa começou a ficar séria quando começamos a participar dos programas de aceleração e começaram a chegar os recursos, começamos a desenvolver os protótipos em larga escala e hoje já podem ser comercializados”, explicou.
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Um dos destaques para Eduardo foi ganhar a premiação do programa Inova Amazônia, do Sebrae. Segundo ele, foi de grande ajuda para a produção do protótipo em escala real e por conseguir realizar demandas com o recurso. Ele destaca ainda os impactos ambientais que a produção pode trazer.

“Na piscicultura, a gente economiza muita água, porque a gente consegue reaproveitar a água, não tem desperdício. Agora, em relação às pessoas, ajuda muito porque são mais de 100 tipos de doenças que são transmitidas pela água. Então, você tratando a água, é possível até que diminua a fila no nosso sistema público de saúde. Então, são várias coisas que a gente consegue com uma única solução. Principalmente nessas comunidades mais afastadas, mais vulneráveis”, disse, em relação aos impactos.
Cicapet

Para quem é dono de cães e gatos, a procura por tratar o pet de forma segura e natural quando necessário é importante, e pensando nisso, surgiu a Cicapet, startup que produz uma pomada cicatrizante para pets que utiliza nanotecnologia para acelerar o processo de cicatrização, reduzir o desconforto e oferecer mais bem-estar aos animais.
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A ideia surgiu em uma base de laboratório da fundadora, Adna Maia, durante a tese de doutorado no programa de pós-graduação em biotecnologia. Segundo ela, ao perceber a necessidade de um produto mais eficiente e natural para tratamento de feridas de animais de estimação, criar uma startup foi a maneira encontrada para transformar a ideia em um negócio inovador no mercado pet.

“Os doutorandos desse programa tem como meta desenvolver algum produto ou processos de base tecnológica que possam ser utilizados pela sociedade. A Cicapet tem essa proposta, a pomada é 100% natural sem uso de químicos com o emprego de bioativos da nossa flora amazônica. Usamos nanotecnologia que tem como principal objetivo sarar feridas de pets em até 60% mais rápida que as pomadas convencionais do mercado de pets”, explicou.
Além disso, a fundadora destaca os ganhos que já foram conquistados através de eventos e participações, como o primeiro lugar da região Norte na Vitrine de Negócios do Congresso Bionorte, e o primeiro lugar na premiação Mulher Empreendedora do Sebrae na categoria inovação e tecnologia.

Wirespay
Não é segredo que empresas e pequenos negócios necessitam de soluções práticas e eficientes para o gerenciamento financeiro dos empreendimentos. Com esse pontapé inicial, surge a Wirespay, uma startup que oferece uma plataforma de automação de cobrança e pagamentos recorrentes. O sistema que utiliza inteligência artificial permite que empresas gerenciem mensalidades, s e planos de forma automatizada.

A Wirespay busca democratizar o o a ferramentas de gestão financeira automatizada, proporcionando aos empreendedores maior controle sobre suas finanças, recuperando tempo e capital perdido. Entre seus fundadores estão Kaio Almeida e Vinicius Ribeiro, responsáveis por gerenciar o empreendimento. Para Vinícius, o mercado na Amazônia abre diversas possibilidades.

“Nós encontramos muitas grandes oportunidades na região norte, o mercado de fintechs nas regiões sul e sudeste já está saturado de muitas boas soluções, mas as empresas da Amazônia ainda estão sendo muito mal atendidas o que abre um oceano de possibilidade para nós, ainda mais nesse momento com o surgimento da IA [inteligência artificial] para democratizar o o a transformação digital na Amazônia”, explicou.

A Wirespay conta com recursos como envio de cobranças por WhatsApp e e-mail, geração de boletos e QR Codes personalizados, e acompanhamento em tempo real do fluxo de caixa utilizando os agentes de inteligência artificial para personalizar a entrega de faturas se adaptando ao modelo mais eficaz em curto prazo, facilitando o controle financeiro e reduzindo a inadimplência.
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Papel da Incubac
Com cerca de 1,2 mil ideias geradas, e 15 empresas incubadas, a Incubac conta hoje com 9 empresas no processo de incubação e está presente em todas as regionais do Acre. Para a coordenadora da Incubac, Thaís Diniz, investir em inovação é uma forma concreta de devolver à sociedade o que é construído dentro da instituição pública. Segundo ela, quando o IFAC apoia startups, registra tecnologias ou estrutura programas de incubação, está criando caminhos para que ideias se transformem em negócios, produtos e serviços úteis à população.

“A sociedade ganha de várias maneiras: com mais empregos, com soluções locais para problemas reais, com inclusão produtiva e com o fortalecimento da economia baseada no conhecimento. Além disso, nossos estudantes am a ter contato com o mundo do trabalho de forma ativa, sendo protagonistas da inovação e não apenas espectadores”, diz.
A gestora do programa Inova Amazônia e Healthtec, do Sebrae, Rosa Nakamura, explica que a incubadora do Ifac tem sido um espaço essencial para a incubação de startups e negócios inovadores, ajudando a minimizar os riscos ao oferecer um ambiente de mentoria, assessoria especializada e acompanhamento técnico.

“Essas startups surgiram de programas de inovação, com destaque para a bioeconomia, oriunda de pesquisas científicas em universidades. Sua importância é significativa, pois oferecem soluções para desafios específicos de uma região complexa e rica em biodiversidade. No Acre, há um grande potencial para startups nos segmentos de saúde e bem-estar, alimentos e bebidas, e agronegócios, especialmente aquelas que promovem a sustentabilidade e o desenvolvimento tecnológico”, destacou.
A importância de investir em ideias inovadoras

Ao se pensar em ideias inovadoras e transformá-las em empreendimentos, essas startups não estão apenas com foco no retorno financeiro ou pessoal, mas é possível ver o impacto social que elas trazem. Essas ideias surgiram de uma necessidade, da observação atenta de um problema e do desejo genuíno de transformação. Inovar não é apenas criar algo novo, mas também perceber o que pode ser melhor, mais ível e mais sustentável. Em contextos como o do Acre, onde os desafios econômicos, sociais e estruturais são grandes, as ideias inovadoras tornam-se importantes e necessárias.